terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Trip Barra Grande, Delta do Parnaíba, Praia do Macapá e Jeri - CE / por Ciça Galli

Quase tão bom quanto viajar é curtir a viagem dos amigos! Através das fotos e relatos vamos juntos aproveitando a viagem por uma outra perspectiva e, claro, já fazendo planos para uma próxima trip! Essa viagem da nossa amiga não foi diferente. 
Passou por lugares incríveis como o Delta, Barra Grande e a já tradicional para os velejadores, Jericoacoara. Cada foto que eu curtia, era como se estivesse lá. E porque não? Em espírito com certeza estava!

Barra Grande


Nossa kite trip começou em outubro, na praia de Barra Grande. Linda, tranquila, distante das grandes cidades, o local atrai muitos velejadores, mas ainda não é tão popular como Jeri. Na noite em que chegamos ficamos impressionados com a beleza do céu estrelado. Passamos um bom tempo só deitados na areia admirando um visual perfeito, com várias estrelas cadentes. Sentindo a brisa forte e imaginando os dias maravilhosos que estavam por vir.



Começamos em três a nossa kite trip: eu, Veve e Paulo. Ficamos na Pousada Ventos Nativos que é muito bem localizada e tem uma área verde linda, na beira da praia. De manhã após o café da manhã a gente fazia alongamento e meditação no gramadinho entre os coqueiros e com um super visual!
O vento pela manhã é terral mas lá pelas 11h ele muda e as condições ficam perfeitas. Nesse horário já estávamos a caminho da praia, na direção da Kite Escola Paraíso, do casal João Bosco e Isabel, que coordenam um projeto social belíssimo (como aquele do Zu Kite da Silva), disseminando o esporte com os moradores da região. Enquanto a Veve fazia aulas com o Eliezio, eu e Paulo nos revezávamos no velejo e nas fotos. 



























No fim do dia rolava um downwind até a lagoa do pôr-do-sol, onde o Paulo se divertiu bastante. Com vento que chegou a 35 knots, foi fundamental ter kite pequeno, de 7m (que pode ficar over). A volta do passeio da lagoa era de charrete até a pousada.








O lugar é super tranquilo e os meninos do projeto da escolinha de kite são ótimos! Um dia voltamos caminhando pra pousada e acabei esquecendo meu trapézio na areia. Só me dei conta de noite, quando voltei ao local e não havia nada... no outro dia, porém, os meninos vieram me entregar o equipamento que tinha sido guardado por um deles.
De noite as opções gastronômicas são ótimas. De comida gourmet, a pizza e hamburger (até vegetariano!). Mas Barra Grande, diferente de Jericoacoara, não tem uma noite muito agitada. É um lugar bem tranquilo pra aproveitar mais o dia.
Delta do Parnaíba







Nosso quarto dia de viagem foi o melhor! Dia do passeio ao Delta do Parnaíba. No início estava em dúvida sobre levar o equipamento, mas acabei levando. O lugar é incrível! Desde o início do passeio, que passa por Parnaíba e começa a 11km da cidade no Porto dos Tatus, ficamos impressionados com as belezas naturais, a paz e a energia do lugar. Macacos, pássaros e até tucanos eram vistos de perto. 

Paramos numa prainha do rio com dunas belíssimas e seguimos para o Delta. Água por todos os lados no encontro do Rio Parnaíba com o Mar, lagoas que vão e vem, vento na medida certa! Ficar ali só contemplando já seria maravilhoso. Como não tinha mais ninguém além da gente, fiquei um pouco apreensiva de entrar pra velejar. Ainda não estava segura, orçando direitinho. Mas ver o Paulo se divertindo foi a motivação que faltava. Uma dose extra de coragem e lá fui eu. Não sabia que aquela seria uma das experiências mais fantásticas da vida! Vento perfeito, água lisinha... paisagem deslumbrante! Só duas pessoas na água velejando. E eu, finalmente, conseguindo orçar tranquilona, cheia de confiança! Era muita alegria! Ficamos quase três horas ali, onde a Veve fez fotos lindas! Foi O dia da viagem.




Saímos de lá com aquela sensação maravilhosa e até dormir não conseguíamos pensar em outra coisa. Sorrisão de orelha a orelha!









Praia do Macapá



O dia seguinte, porém, ainda trouxe surpresas inesquecíveis: resolvemos ir para a praia do Macapá, que fica a uns 30 minutos de Barra Grande no município de Luis Correa. É também um Delta e a água impressiona pelos tons de azul. Lá também não tinha quase ninguém velejando. Éramos nós e, mais tarde, mais umas 3 ou 4 pessoas! Infra estrutura zero, como no Delta. Então, tivemos que ir com o espírito preparado e uma dose extra de sorte e prudência para que nada desse errado. Deixamos tudo no carro, a chave no bar, e lá fomos nós, com equipamentos e a máquina, que Paulo voltou pra buscar, claro. Ainda bem, porque as fotos ficaram lindas! E mais uma vez voltamos pra pousada com aquela sensação maravilhosa de descobrir um lugar perfeito pra velejar, lindo lindo, com vento muito forte e bem vazio.



Jeri
Em Jeri o esquema foi diferente, mas não menos especial. Lá encontramos nossa amiga Chris Mattoso (grande velejadora!) e conhecemos outros cerca de quinze amigos que foram de Niteroi. 




E a rotina ficou bem divertida e animada! De dia velejo, de noite forró, samba e tudo que Jeri tem de bacana pra oferecer: vários restaurantes deliciosos, dentre os quais o Naturalmente, que tinha o açaí perfeito pro fim das atividades, com granola feita artesanalmente, além dos crepes mais incríveis! A sorveteria Gelato&Grano, a cachaçaria... E o melhor de tudo em Jeri: não se usa nem chinelo! Mas tem que gostar de areia, claro. Ela está em todas as partes.
Lá, ficamos na pousada Blue Jeri. Café da manhã excelente, mas sem aquele quintalzão com coqueiros que tínhamos em Barra Grande. A pousada também não tem uma guarderia e um local pra gente abrir e lavar os kites. Mesmo assim funcionou tudo bem. A piscina no terracinho tinha um visual “lindo de tudo”, especialmente pra ver o pôr do sol.
Já no primeiro dia tratamos de fazer uma massagem e a partir daí foram mais oito dias de velejo intenso. Ventos muuuuuito fortes! Mas com a ajuda do instrutor Neif ficou tudo mais tranquilo. Acabamos nos destacando na maior parte do tempo dos Kitebrothers porque precisávamos de lugares apropriados pra aprender. Começamos pelo Preá, na altura do Rancho do Peixe, no primeiro dia, com todo mundo. 





Ali é tranquilo, mas na Barrinha, lá para os lados das Eólicas, pra quem está iniciando no esporte, é melhor ainda. Isso porque a maré fica bem seca e se a prancha cair, dá pé por um longo trecho. 









O Downwind entre a Barrinha e o Preá é uma ótima oportunidade de estréia para os iniciantes nessa categoria! Mas quem quiser ir por terra vai encontrar pequenos restaurantes de pescadores com uma comida simples e muito boa! A especialidade por lá é a lagosta.
Outro lugar perfeito pra quem tá começando é o Guriú. Lá é um local que tem que ficar ligado na maré, mas além de muito lindo, é bem flat. Em um dos dias que fomos pro Guriú acabamos esticando até o Lago Grande, uma lagoa linda, parecida com a Paraíso (que infelizmente não conheci porque era um dia que não consegui me mover e tive que ficar dormindo na pousada).








É muita história pra contar. Nem os momentos mais tensos, em que buggy atolou e pneu da caminhonete furou (ao mesmo tempo e de noite!) tiraram a animação do povo. Demos um “nó de kite” e resolvemos tudo no melhor astral, ao som do animado DJ Mike, nosso bugueiro.
Fechamos a viagem com um “mini downwindzinho”, primeira experiência que eu e Veve tivemos nessa modalidade, com a companhia (e santa ajuda) do fantástico amigo e instrutor Rodrigo Sprite! Esse foi mais um daqueles dias em que a alegria não cabe dentro da gente! A Veve estava finalmente orçando e velejamos juntas por um bom tempo! Nesse dia até o motorista resolveu fazer aula e deixou a Veve de motorista do kitebus na volta!



Ainda na viagem de retorno a gente já lembrava com saudade dos lindos dias, das doces lembranças, das cenas pitorescas e engraçadas que vivemos... e, claro, dos amigos que esses dias especiais trouxeram.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Qual a relação entre o Papa e o DoMar?

Não! Nós não mudamos o foco do blog! 

Nossa intenção não é falar sobre religião, mas as recentes declarações do Pontifície sobre a importância e necessidade de preservação da natureza. Sobre como nos achamos donos da terra, mas ao mesmo tempo não temos os valores necessários para dela cuidar!

Há alguns dias discutiamos sobre o estilo de vida que estamos levando, que se resume basicamente a: acordar, ir para o trabalho, ficar dentro de um escritório no mínimo 9hs por dia, voltar pra casa, dormir e acordar no dia seguinte para novamente ir para o escritório...

Que estilo de vida é esse? Que geração de riqueza é essa? Para quem? 

Nós mesmos mal pagamos nossas contas! Vivemos em cúbiculos cada vez menores!

Muitos hoje optam por não ter filhos. Qual o custo para sustentar uma criança? Fico imaginando a minha família, 4 filhos! E cachorros? Sou fascinada por bichos, desde criança, mas não posso ter um. Seria maldade deixá-lo sozinho o dia inteiro num apartamento, sem ter uma área externa, sem ter um quintal.

Onde tudo isso vai dar? Onde queremos chegar?

Realmente precisamos de tudo que consumimos? Está mais do que na hora de começarmos a questionar o estilo de vida que levamos: de consumo, de ostentação, de selfies, de olhar para o próprio umbigo! Fazer escolhas não do que é melhor para si, mas para todos! 

O Papa surpreendeu a muitos ao abraçar a causa, mas realmente ela grita por socorro! Precisamos mudar! 

No passado sobrevivemos pelo que da natureza extraímos e o futuro depende do que dela conseguirmos restaurar!

E você? Já pensou sobre seu estilo de vida?



domingo, 21 de junho de 2015

Trip Austrália, a Grande Barreira de Corais / The Great Barrier Reef

Não a toa a grande barreira é considerada uma das 7 maravilhas do mundo! Programa imperdível de quem vai para a Austrália mesmo se você não mergulha, mas curte fazer snorkel! Com uma água azul turquesa, uma variedade de corais e uma vida marinha intensa, não tem desculpa. É separar uns dias, pegar a máquina e se preparar para uma das experiências mais incríveis da vida!

Difícil escolher qual o melhor mergulho, qual o melhor momento! Todos são únicos! Especiais! Daqueles de se guardar na memória e contar para os netos!

There is a reason for the Great Barrier Reef to be considered one of the seven natural wonders! You can't lose the opportunity as it has a deep blue water, several types of reefs and animals! It's a must go program in Australia even if you don't dive but enjoy snorkeling. It will be one of the most outstanding experiences in your life! It's hard to say which one is the best dive, the best moment! Each of them are unique and special! You will keep all of them in your memory to tell your grandchildren! 

Voltamos à Sydney e de lá pegamos o vôo para Cairns, paraíso dos mergulhadores, de onde saem barcos para a grande barreira. Algumas escolas de mergulho oferecem pacotes de 2 a 5 dias embarcados com vários mergulhos incluídos. 

Para o lugar não ficar muito cheio, e espantar toda a vida marinha, cada escola fica num ponto diferente do coral. O que não é tão difícil, afinal são 2.300 km de corais  numa área de 340.000 km2. 

Escolhemos o pacote de 3 dias com 11 mergulhos, sendo 2 noturnos, ou seja, era mergulho de manhã, de tarde e de noite. Tínhamos horário para acordar, comer, mergulhar e dormir. Tudo cronometrado! Essa história de que férias é para relaxar, pode ser verdade para alguns, mas não para mim! 

Chegamos 1 dia antes do embarque para conhecer e curtir um pouco a cidade. No albergue escolhemos o passeio e como já iríamos ter alguns dias bem agitados, escolhemos o mais tranquilo: salto de bungy jumping!

Já tinha saltado de asa delta, paraquedas, mas nunca de bungy jumping. Como a 1a vez a gente nunca esquece, vou me lembrar desse dia para sempre. 

O salto é de um altura de 50 metros e a subida na plataforma, nunca termina. A cada degrau, o coração vai acelerando. Quando se chega no topo, nos 50 metros, essa pergunta é inevitável: "O que que eu estou fazendo aqui?" Mas de que adianta viver se não é para sentir que estamos vivos?  

Como se não bastasse pular, escolhi molhar a cabeça num laguinho embaixo da plataforma. A pessoa que me ajudou, explicou que eu teria que saltar como numa piscina, para a frente, caso contrário poderia me molhar inteira. Caramba! Será que ia conseguir?

Chegou a minha hora! Tudo preparado! Segurança ok! Fui para a ponta da plataforma, olhei para a frente, se olhasse para baixo ia travar, respirei fundo, "Seja o que Deus quiser" e fui! Mergulhei! 

C%4&@! Que medo! Nunca senti tanto medo! Mas consegui! E ainda molhei a cabeça. Ou melhor, o corpo inteiro! Que sensação gostosa! O coração batendo mais forte do que nunca! Estou viva! 




No dia seguinte era o embarque para a Grande Barreira. Junto com mais 20 mergulhadores de países diferentes iríamos passar os próximos 3 dias numa overdose de mergulhos com todos os tipos de corais e vida marinha. 



As 6hs embarcamos e as 11:30 era nosso 1o mergulho dentre os 11 dos próximos 3 dias.

A primeira parada foi no Milln Reef com uma profundidade máxima de 12m. Esse 1o foi mais tranquilo e, como fazia tempo que não mergulhava, serviu como adaptação ao que viria em seguida. As pessoas foram divididas em duplas ou trios e além da minha inseparável parceira de viagem, a Joanne, da Papua Guiné, se juntou a nós.

Nenhuma de nós 3 era uma expert de navegação, mas para nossa sorte também nenhum dos mergulhos exigia muito conhecimento. Algumas vezes tivemos que usar estratégias alternativas, mas no fim deu tudo certo e não nos perdemos nenhuma vez!

Milln Reef - Grande Barreira







Ainda nesse 1o dia fizemos o 1o mergulho noturno. Para mim, o 1o mergulho noturno da vida! Mais uma 1a vez...

Para quem ficou anos sem mergulhar por ter sido "abandonada" certa vez, eu estava me sentindo super confortável! Antes eu achava que meu habitat era o mar e não tinha nascido como peixe por engano. Era uma questão de tempo para voltar a me sentir a vontade. Ainda bem que foi logo no início e pude aproveitar cada segundo dessa maravilha de lugar!

Bem, voltando ao mergulho noturno, tenho que confessar, não vi muita coisa. A tensão de não ver os medidores e instrumentos como de dia, não identificar direito os parceiros, ter que carregar uma lanterna além de todo equipamento, tudo isso contribuiu para que não conseguisse ver muita vida. Mas a barreira foi quebrada!

No dia seguinte, paramos num local chamado Tennis Courts, no Flynn Reef, com 20m de profundidade máxima. A quantidade de tubarões estava bem acima do normal, como comentou um amigo que já foi algumas vezes na Grande Barreira. Como eram tubarões de recife e não muito grandes, não tivemos maiores problemas, mas tubarão é sempre tubarão e, no mínimo, eu respeito.





No meu 2o mergulho noturno, estava bem mais tranquila e mesmo que aquele tubarão estivesse a nossa espera embaixo do barco, tudo aconteceu como esperado. Alem desse tubarão de 1,5m, vimos a gruta de uma tartaruga de 150 anos, o Bryan. Logo depois encontramos com ele, esperando pacientemente do lado de fora que nós baderneiros fôssemos embora.

No 3o e último dia, achava que já tinha visto de tudo, mas foi quando vi a Atlantida! O local era o Gordon`s, também na Flynn Reef e 20m de profundidade. Era uma variedade tão grande de corais num único mergulho, uma verdadeira cidade submersa. Minha imaginação invadiu aquele momento e entrei nos desenhos animados da minha infância. Com certeza "Procurando Nemo" foi inspirado naquele ponto!

Também encontramos um cardume de peixes papagaios enormes, imóveis, como se fossem uma grande estátua no meio da "praça".


No 11o mergulho, fomos as últimas a sair da água! Queríamos aproveitar até o último segundo. Até o último peixe! E como nosso ar durava mais do que do restante dos mergulhadores, só saímos quando nos chamaram, mas com um sorriso de que valeu cada momento!











domingo, 31 de maio de 2015

Trip Austrália, de Sydney a Byron Bay

Sabe um lugar que respira surf? Onde você encontra desde meninas de 5 anos de idade até senhoras de 60 surfando? Pois então, na Austrália é assim!

Sabe como é o futebol no Brasil? Onde você encontra gente jogando em qualquer esquina? Pois então, na Austrália o surf é assim!

O país respira mar, praia, surf, onda! É a cultura do surf em todos os cantos! E junto com ela o jeito easy going de viver! De quem vai descalço ao supermercado! Ao shopping! Que, mesmo sem te conhecer, te deseja "Have fun!" ao cruzar com você na praia!

Um povo super friendly que convive tão naturalmente com a natureza. Com os tubarões e os golfinhos! Com os cangurus e os coalas!

Se não fosse tão fã desse Brasil bem que poderia concordar: "a Austrália é o Brasil que deu certo!", afinal é um país incrível e com pessoas encantadoras! Isso, com certeza, a Australia é!

You can say that the Australians "breathe" surf. It's a country where you can find little girls surfing at the same time that you see ladies in your 60s. In Australia it's normal. Surf is like the football in Brazil. The Australians can't live without the ocean, the beaches, the surf, the waves! It's the surf culture in everywhere and the easy going way of life. They go to the supermarket barefoot. And also to the shopping center. They say "Have fun" when cross by you arriving at the beach. They are extremely friendly and live in a respectful way with the nature, the sharks, dolphins, kangaroos and koalas. If I was less proud to be Brazilian I could admit: "Australia is the Brazil that works".

Saindo do Brasil a viagem não é nada mole! São entre 30 a 40 hs de viagem e 12hs de diferença de fuso, então se programa para tirar o máximo de dias de férias e emendar com algum feriado, porque a viagem é bem cansativa.  

Para mim, foram 40hs porque fui pelos EUA e ainda peguei 10 horas em Los Angeles. Ou seja, saí num dia e três dias depois cheguei em Sydney. Ótima opção para estas 10 horas de espera em LA foi o pier Santa Monica, tomando uma cervejinha e .... mais avião!

Pier de Santa Monica

Mesmo com a quebrada e esticada das pernas, se chega acabada na Austrália. Para colocar o corpo no lugar e entrar no clima da viagem, já no primeiro dia fomos à praia em Little Narrabeen, uma pequena praia no norte de Sydney com fundo de areia e ondinhas que mataram a nossa secura de surfar.

Little Narrabeen


São tantas praias com ondas nessa cidade que não tem como não ter uma opção para todos os tipos de vento e ondulação!

No dia seguinte fomos à Freshwater, uma outra praia que além de ser linda estava com ondas de 0,5m e abrindo para a direita. Entrar na onda não era tão difícil e o drop, tranquilo. Era o que precisava para começar a entrar no ritmo depois de alguns meses sem surfar.

Freshwater


No 3o dia já pegamos o carro na locadora. Na verdade, a nossa casa nas próximas 2 semanas já que escolhemos uma campervan para podermos ir parando nas praias e cidades do caminho.

Na Austrália dormir com carro na rua é proibido e a multa de cerca de AUS $ 1.000. Como a quantidade de pessoas fazendo isso é grande, se estiver num local discreto não terá problemas, mas por conta disso, a escolha do local para passar a noite é sempre uma preocupação.



Esses dois dias de adaptação foram importantes para dirigir na Austrália, porque assim como na Inglaterra a mão é invertida. O motorista fica na direita e o pior, a marcha você passa com a mão esquerda. Como não era automático, apanhamos no início e o carro reclamava a cada vez que mudávamos a marcha.

No final era como se sempre tivesse dirigido assim, mas essa adaptação inicial foi importante para começar a olhar para a direita ao atravessar a rua e a pensar na lógica invertida ao dirigir.

Com o carro na mão, começamos a viagem on the road em direção a Byron Bay, cerca de 800km ao norte de Sydney. A ideia era pararmos em várias praias, sendo a 1a na cidade de Newcastle a 160 km de Sydney, Merewether Beach.

Com o tempo um pouco fechado, fundo de areia e ondas de cerca de 1m pegamos um mar que estava muito bom e com vários surfistas participando de um campeonato local. Ficamos 1 noite na cidade e no dia seguinte partimos a procura do sol e de mais ondas boas.

Merewether


Como a previsão era de tempo meio chuvoso para os próximos 4-5 dias, decidimos seguir direto para Byron Bay. Lá, por mais que estivesse chovendo, teríamos o que fazer. Chegamos por volta de 23h na cidade e fomos para o centro, onde ficam os bares. Precisávamos de uma cerveja para relaxar!

Fomos na rua principal e chegamos no Great Northern Bar. Esse bar tem sempre movimento, mas depois descobrimos o Railway que com música ao vivo e cerveja mais baratas (Ou menos cara! Como preferir...) tem um astral bem bacana.

The Pass, uma praia que fica no canto da praia central de Byron, com ondas longas e protegida do vento.  Nesse 1o dia, como efeito de um ciclone que havia passado mais ao norte dois dias antes, o mar estava maior do que o normal, com ondas de 1/1,5m na série e abriam bastante para a direita. O mais difícil é chegar no pico, porque com uma pedra na ponta, onde tem um mirante lindo, se cria uma correnteza onde você tem que remar forte e ainda corre o risco de não conseguir passar a arrebentação. Se acontecer, tem que sair e começar tudo de novo. Um excelente treino para entrar em forma!

Nesse dia, pela condição especial, tinham mais de 100 pessoas na água, mas todos se respeitavam. Não fica aquela luta pela preferência e, se a onda vem para você, pode ser a melhor da série, não terão 10 junto. A onda é sua e.... "Have fun"!

The Pass - Byron Bay







The Pass - Byron Bay
O astral de Byron Bay é realmente especial, dentro e fora d'água! Muitos gostam de surfar no old style, com pranchões monoquilhas e alaias, ou NO style com camisa social ou short e boné floridos.

Apesar de toda essa leveza, o clima estava tenso! Na semana anterior tinha tido um ataque de tubarão na praia principal de Byron e, duas semanas antes, um conhecido morador que todo dia nadava até uma ilha em frente à praia também foi atacado.

Como a ignorância é uma dádiva, só soubemos destas histórias no final do dia e a barreira já tinha sido quebrada! Se não aconteceu nada nesse 1o dia, porque aconteceria nos outros?

Ficamos em Byron uma semana, porque o lugar é diferenciado e próximo tanto da Gold Coast quanto de praias como Angourie. Dá para ficar ali como referência e conhecer lugares próximos com viagens de 1 ou 2 dias.

A liberdade é uma das principais vantagens de morar numa campervan e à noite decidimos que seguiríamos no dia seguinte junto com um casal de amigos a Angourie em Yamba, 130km ao sul de Byron.

Em Angourie o tempo continuava chuvoso, a água escura e com ondas de 1m e boa formação. Normalmente, as pessoas pegam onda ou do lado direito da pedra ou do lado esquerdo, mas por alguma razão só tinha gente no lado esquerdo. Um surfista local explicou que era melhor entrarmos junto com o restante, pois a chance seria de 10:1, depois de 2 semanas na Austrália você já faz a tradução automática: 10 surfistas: 1 tubarão, enquanto no outro lado, 1:1. Independente da estatística, não me agradava fazer parte dessa conta, mas para os Australianos é tudo muito natural.

Pelo tamanho do mar nesse dia a entrada era pelas pedras com as ondas estourando onde você devia pular. Com todos estes desafios, fiquei na areia vendo as ondas e manobras da galera na água. No dia seguinte voltamos em Angourie para testar o mar, mas ao chegar na areia vimos uns surfistas indicando aos amigos que ainda continuavam no mar, que haviam visto um tubarão. 

Em Sydney tinham nos avisado que quando o mar está escuro, aumentam as chances de ataque de tubarão! 

Angourie - Yamba

Angourie - Yamba

Voltamos à Byron que, além da The Pass, tem várias outras praias como a Whites Beach, uma prainha pouco conhecida, ou seja, quase um recanto. A trilha é bem curtinha e logo você já consegue ver o mar.

Whites Beach - Byron Bay

Continuando um pouco mais, chegamos em 5 Miles Beach, uma praia que o nome já diz: é bem longa. Por isso, passa uma sensação boa, de liberdade!

Com mais 20/30 min se chega em Lenox Head, praia famosa também. Essa praia tem um mirante de onde se pode ver toda a costa. O passeio é de uns 30 min e vale bastante, com uma vista linda e natureza por todo lado!

Lenox Head

Mirante da Lenox Head

Outra praia de Byron que vale conhecer é Tallow Beach! Nos primeiros dias o mar estava bem mexido, mas depois que o vento diminuiu e o tempo abriu, as ondas começaram a aparecer e, melhor ainda, ondas que não fecham. Não importava o tamanho, ela nunca fechava! Num dos dias nessa praia demos a sorte de esbarrar com um cardume de golfinhos. Eles também curtem as ondas de Tallow!

Tallow Beach - Byron Bay


Tallow Beach - Byron Bay
Ainda em Byron, tem o farol na ponta da praia com vista para todas as praias: a praia central, The Pass, Wategos e Tallow.


Farol Byron Bay

Todas as praias da Austrália têm banheiro e chuveiro, o que nos permitiu ficar os 15 dias dormindo na campervan sem precisar ficar em campings. Além disso, algumas delas tem uma chapa elétrica para que as pessoas façam churrascos. A única obrigação de quem a usa é deixar limpa para o próximo!

As melhores refeições que fiz foram assim. Comprávamos carne, legumes e cerveja e nosso programa / rango estava pronto. Além da comida ser saborosa, o valor ficava em conta e o ambiente especial, de frente para a praia e jogando conversa fora com os amigos.

Churrasco em Wategos Beach

Saindo um pouco desse circuito de praia e surf, tem o Springbrook National Park a 100km ao norte de Byron Bay, em Queensland na Gold Cost. O detalhe desse parque é que numa de suas cavernas, a Cave Creek, tem os glowworms, uma minhoca que brilha no escuro. A experiência é bacana por ser rara e cheia de aventura, pois para conseguir ver brilhar tem que ir à noite.

No dia seguinte voltamos à trilha e caverna da noite anterior. As quedas d'água desse local são bem limpas, mas não é permitido mergulhar, pois essa água alimenta algumas regiões próximas.

Springbrook National Park - Cave Creek

Springbrook National Park - Cave Creek

Perto dali, ainda dentro desse parque, tem a Twin Falls, onde é permitido mergulhar. A força e potência da queda d'água são impressionantes e é difícil conseguir chegar nadando. Como o parque tem várias cachoeiras, muitas vezes você estará sozinha, aproveitando toda essa energia e natureza.


Springbrook National Park - Twin Falls



















Ao sul de Byron fica Crescent Head a cerca de 4hs ou 370km. Na nossa passagem o mar estava bem flat e não conseguimos ver como são as ondas. Seguimos para Boomerang, mais 180km descendo e 2 hs de viagem.

Na ponta direita estava com uma formação melhor e ondas de 0,5 a 1m. Antes de entrar perguntamos a um local como estava e a descrição foi: "wild"! Não consegui saber se isso era bom ou ruim...

Tinham poucas pessoas na água e realmente estava "wild"! O mar um pouco mexido, mas com ondas se abrindo e de boa qualidade. Para melhorar ainda mais, ao nosso lado surgiu um cardume de golfinhos. Acabei levando umas ondas na cabeça, me desliguei e fiquei observando-os ali tão próximos, a 1-2 metros de onde estava. Esse dia foi especial: ondas grandes, com boa formação e, para completar, golfinhos! 

Boomerang





A próxima parada foi Seal Rocks, a 30km dali. Na ida passamos pelo lugar, mas pegamos um tempo ruim e a água com uma cor avermelhada por conta das algas, muito diferente de como é normalmente, um paraíso com mar azul!

Seal Rocks

Seal Rocks




Mais 280km, cerca de 3h, e voltamos a Sydney. A cidade tem tantas praias que você sempre sai com a sensação de que tem que voltar para conhecer o que ainda não conseguiu, mas mesmo assim como queríamos ir para algumas praias ao sul da cidade, apenas dormimos ali e no dia seguinte continuamos nossa jornada via National Park para o sul, cuja estrada beira a costa e a vista é deslumbrante!

Estrada que cruza o National Park






Farm Beach fica em Shellharbour, no Killalea State Park, a 100km de Sydney. Com fundo de areia e ondas amigáveis, tem um surf divertido. No dia pegamos ondas pequenas, mas que se não fez a cabeça, deu pra divertir.

The Farn


Descendo mais um pouco, 15km, chega-se em Kiama, uma vila bem agradável que sedia no início de março um Festival de Jazz.

Kiama


Canguru, apesar de ser um dos animais tradicionais, são comuns em lugares específicos como Yamba, perto de Byron Bay, e Lake Canjola, um parque e vila a 100 km dali. Não tinha como ir para Austrália e não ver canguru! Seguimos para Lake Conjola, um lugar paradisíaco com a esperança de finalmente os ver.

Quando chegamos já estava escuro, mas tinha canguru por todo lado. Ficam nos jardins das casas, livres, integrados ao ambiente.

Lake Conjola

Lake Conjola


No dia seguinte, já era hora de voltar e paramos em Murrays Beach, Jervis Bay, a 60km acima dali, A praia é bem tranquila com sua água azul turquesa e a areia branca, mas é uma praia sem ondas. Próximo dali fica o que chamam de Pipeline Australiana, uma praia que com fundo de pedra tem ondas com formação muito boa.

Murrays Beach


100 km acima, chegamos a Garringong, uma praia tranquila e, se der sorte, com boas ondas. Tinham uma ondas pequenas que, usando o linguajar do surf, dava para forçar uma barra.

Praia de Garringong


Mais 90km chega-se em Sydney que com suas praias infindáveis, sempre tem uma para conhecer. Bondi, ao sul da cidade, é bastante movimentada e com pistas de skate e grafitti tem um ar moderno. No dia, era um dos pouco lugares com onda, mas nada de especial.

Bondi Beach

Bondi Beach

Bondi Beach

Bondi Beach

Um programa que vale é seguir até a praia de Bronte, um caminho que se tiver tempo é ótimo ir a pé para curtir mais, ou mesmo de carro, que já se tem uma das vistas mais bonitas de Sydney.

Caminho para Praia de Bronte


Próxima parada: Cairns, a nordeste da Austrália, bastante conhecido por ser ponto de saída de escolas de mergulho para a Great Barrier, a maior barreira de corais do mundo. Lá teve mergulho com tubarão, salto de bungee jump etc... Aguardem!

Obrigada pela cia e acolhida! Realmente fui muito sortuda pelas pessoas que cruzei na viagem!




*Uma observação! Para dirigir na Austrália você precisa ter a PID (Permissão Internacional para Dirigir), que se consegue através do Detran, ou ter uma tradução juramentada da sua carteira de motorista. No Rio você consegue a PID pagando uma taxa de cerca de R$ 150, agendando no site do Detran e em 2 dias já pode pegar. Não é tão complicado, mas não deixa para cima da hora porque pode descobrir que a sua carteira de motorista está para vencer ou algum outro imprevisto.

Outras providências para a sua viagem são o visto, que sendo visto de turista você consegue on-line no site da embaixada e a vacina da febre amarela, que tem que ser tomada pelo menos 10 dias antes da viagem.