Portugal! Fora do normal!
Tudo começou de forma meio inexperada. Uma visita ao irmão que está morando longe, uma vontade tanto minha quanto dos meus pais por conhecer Portugal. Na verdade, uma vontade antiga na família que começou com a minha avó!
Bom, indo para lá queria conhecer mais. Não bastava a famosa Lisboa, Cascais e arredores que já tinha visto em fotos. Queria um lugar mais diferente, mais fora do comum, fora da cidade, um lugar fora do normal. E ainda com praia, onda e sol, claro!
Pesquisando a região do Algarve, descobri Lagos com as várias praias próximas: Carrapateiro, Sagres, Arrifana e muitas outras. Pronto! Lagos era o destino perfeito para tudo aquilo que procurava.
Eram apenas 8 dias em Portugal e como minha mãe, ao contrário de mim, é bastante urbana, foram apenas 4 no Algarve. Ficou aquela sensação de "vou ter que voltar com mais tempo", mas do jeito que sou, ia querer ficar mais mesmo se fosse 1 mês.
Para minha sorte, meu irmão conseguiu se juntar nessa trip mais rural de Portugal e ainda levou todo o equipamento: 3 long john, pra ele e quem quisesse, 1 prancha de surf, dividida irmamente, 1 pipa e 1 prancha de kite. A bagagem dele era uma mochila com as roupas + 2 malas grandes + 2 pranchas pra 4 dias, mas mesmo se fosse apenas 1, aposto que ele ia levar a mesma bagagem. Ainda bem!
Comprei as passagens antes de definir o lugar, então chegamos por Lisboa e pegamos a estrada para 3, 4 horas depois chegarmos em Lagos. Se soubessemos antes os destinos, perto dali, 30min mais ou menos, tem o aeroporto de Faro.
No nosso 1o dia fomos a Sagres, onde tem o forte e, embaixo, a praia. Na pousada nos indicaram como sendo a melhor para o surf.
A agua estava gelada, uns 18o, mas o long cumpriu o seu papel e as ondinhas foram uma boa diversão.
Um visual diferente, com um penhasco enorme de pedras, umas ondinhas para o batismo em Portugal e um bom jantar, deu o gostinho do que estava por vir.
No outro dia fomos à Carrapateira, uma praia no meio do nada, linda e totalmente isolada. Chegamos no alto do morro onde tem uma vista de toda a praia. São alguns quilômetros sem nada em volta, só a praia, ondas e nada mais. Um verdadeiro paraíso.
A água estava menos fria, uns 20o, as ondas com 1m e bastante volume e alguns surfistas, mas nada como o Arpoador. Para o meu irmão, o melhor mar dos últimos anos. Eu gostei, mas não era o tipo de mar ideal pra mim, o mar pesado demais e a prancha tinha mais flutuação que a minha, mais difícil de dar o golfinho. Mas valeu, como valeu!
No outro dia íamos para Arrifana, mas como já tínhamos que fazer o checkout 12h e ficava um pouco mais distante, repetimos a dose, Carrapateira novamente. Saímos as 7h para dar tempo dos dois surfarem.
Como sei que vou voltar, e com muito mais tempo, sem problema. Na próxima fico uns 30 dias e repito pelo menos 1 vez cada uma das praias.
Chegamos em Lisboa no final da tarde. Meu irmão se despediu de nós e seguimos a viagem, eu procurando as praias e minha mãe, a cidade.
No dia seguinte acordamos sem pressa. A idéia era ir a Cascais e Guincho, uma das praias mais conhecidas de Portugal. Chegamos na praia e a temperatura já era completamente diferente do sul quentinho de Algarve. Se em Algarve estava uns 20 e tantos graus, Guincho estava uns 20 e poucos e o mar numa ressaca boa pra se ver!
Saindo de lá fomos para Cascais. A cidade tem aquele típico ar de praia e os restaurantes que tinham nos indicado estavam fechados. Fecham por volta de 15h e só reabrem para jantar, umas 18h. Estávamos famintos e paramos num de frutos do mar que estava aberto. Não foi a melhor refeição, mas em Portugal sempre se come bem (mesmo ruim, é bom) e não morremos de fome.
O restaurante ficava no centrinho de Cascais e junto dele várias lojinhas. Saímos de lá ja de noite e voltamos à Lisboa.
Sintra, outra cidade bem próxima de Lisboa foi a escolha do 2o dia. Com seus vários palácios e ar colonial, vale uma visita.
Lá tem os tuk tuks onde os guias vão contando as histórias e os visitantes curtindo a paisagem. Demos sorte com o tempo, pois chove bastante na região. Quando fomos, estava um sol bem gostoso que com certeza deixou o passeio ainda mais bonito.
O centrinho começa bem discreto e cresce a medida que se entra e sobe as ruas. Não deixe de entrar porque você vai descobrir ruelas bem charmosas e muito artesanato típico.
A cidade de Fatima estava entre as prioridades da minha mãe. Olhando o mapa, ainda antes de começar a viagem, vi que apesar de não ser muito próxima, a famosa praia de Nazaré ficava na mesma altura só que na costa. Pronto! Iríamos à Fatima e depois carregava todos à Nazaré.
O passeio do dia começou por Fatima, onde assistimos uma missa na capela e depois... Nazaré.
Chegamos em Nazaré e queria encontrar o famoso farol, que já tinha visto em milhares de fotos. Perguntamos num vilarejo e nos indicaram seguir em direção à praia de Nazaré do Norte, depois o mirante e, por fim, o farol. Quando finalmente encontramos, descobri que estava tendo um campeonato e que a Maya e o Burle, entre outros surfistas conhecidos mundialmente, estavam participando. Era a volta da Maya depois do acidente 1 ano antes, em 2014.
Conhecer Nazaré foi transformar em realidade tudo aquilo que imaginei, criei. E o melhor de tudo é que a realidade é ainda melhor, mais fantástica!
A força da natureza, a força das ondas, a energia que você sente quando vê aquelas ondas enormes, não dá pra descrever. Nem em palavras, nem em fotos. Só mesmo sentindo. Só mesmo indo. E que sorte eu tive de estar lá num dia com swell e com todos esses surfistas!
Saímos de lá por volta de 17/18h e ainda paramos em Óbidos, que estava em nosso caminho de volta e uma das cidades imperdiveis segundo algumas das indicações. A cidade fica dentro de um castelo e é um charme só. Chegamos lá ja era de noite e fomos ainda conhecer as lojinhas de artesanato, que são inúmeras, e "almoçar".
Mais uma vez as indicações estavam fechadas e recorri a um senhor que estava fazendo uma entrega com seu caminhão. O senhor, que produzia pão para os restaurantes, nos indicou um "mais simples, mas muito bom" onde comi o melhor arroz de polvo de todos. Saímos de lá já de noite e voltamos pra casa.
A viagem já estava terminando e em Lisboa mesmo eu não tinha ficado nem um dia. Os últimos 2 dias foram então pra conhecer um pouquinho dessa cidade que encanta a tantas pessoas.
A torre de Belém a beira mar com direito a seu famoso pastel com suas filas independente da hora do dia e por isso mesmo sempre fresquinho, foi um dos passeios escolhidos. Mais uma vez o dia estava lindo e a temperatura agradável, bem diferente do calor do verão. Visitamos o monumento aos descobridores, caminhamos ao longo do mar assistindo a uma regata, conhecemos a torre e comemos o pastel fresquinho e quentinho!
Dali fomos para o bairro alto onde zanzamos sem muito destino pelas ruas e lojinhas e terminamos o dia com um lindo pôr do sol no castelo de Sao Jorge acompanhados de uma taça de vinho branco. Um final perfeito para um dia bem agradável na capital de Portugal.
No último dia não tinhamos um lugar específico pra conhecer e fomos curtindo o dia, descobrindo as ruas e lugares. Começamos pela famosa Rua Augusta onde descemos até a Praça do Comércio. Ficamos ali um tempo curtindo o visual e depois seguimos para o bairro do Chiado.
Descobrimos o Armazém do Chiado e as lojinhas mais modernas próximas a Rua Garrett. Assistimos a uma apresentação de dança na rua e gastamos os últimos euros.
Ao chegar em casa, meu pai se deu conta de que haviam levado sua carteira que, pelo que falaram e vimos, fato muito comum em Lisboa. No 1o dia tentaram roubar a minha voltando para casa de noite depois do jantar, mas ouvi o barulho do fecho da minha bolsa que era de pressão e fiquei ligada que tinham dois "turistas" próximos olhando o mapa como se estivessem perdidos. Depois disso fiquei mais atenta e eles acabaram seguindo seu caminho quando viram que eu já tinha percebido.
Como o cartão do meu pai já não estava funcionando, tinha somente £ 50 e eu e minha mãe ainda tínhamos nossos cartões, não demos muita bola e continuamos achando a viagem a Portugal muito especial.
No dia seguinte já era hora de madrugar e voltar a Londres para reencontrar os sobrinhos, curtir os últimos dias de férias e começar a planejar a volta à Portugal, afinal ainda ficaram muitas praias fantásticas pra conhecer!